AS VÁRIAS REPRESENTAÇÕES DE CRISTO, SEGUNDO OS MESTRES




FRA ANGÉLICO
Guido di Pietro Trasini(1387-1455), o fra(frei) Angélico, é conhecido por uma pintura contemplativa. Suas imagens são comparadas a orações.

Uma teologia das imagens
João Paulo

O Jesus que cada um tem em mente é uma criação que foi sendo desenvolvida ao longo dos tempos. Não há qualquer imagem contemporânea do homem Jesus, em qualquer representação visual, pintura, desenho, iluminura ou escultura. E não se trata apenas de antiguidade, já que outros registros foram preservados, mas de uma proibição expressa das leis mosaicas, que vetavam a reprodução das formas externas dos seres criados por Deus. Para os hebreus, as imagens religiosas eram ídolos, falsos deuses cultuados por pagãos. A explicação era simples: Deus era a pura ideia, tudo que o representasse por meio de formas era uma falsificação, uma deturpação da essência de Javé. Quem sempre gostou de imagens foram os gregos e romanos e, com o domínio do Mediterrâneo pelo cristianismo, Jesus passou a ser o modelo mais importante da arte ocidental. Não houve episódio de sua vida que não tenha recebido o melhor engenho de artistas de todas as partes do mundo. Jesus passou a ser um elemento que constitui nossa imaginação visual.

Há um Jesus para cada época e região do mundo. É possível sintetizar a multiplicidade de imagens (...) produzidas por Giotto, Fra Angélico, Michelangelo, Rafael, Dali, Picasso, Chagall, Aleijadinho e Ataíde, para ficar apenas em alguns representantes da grande arte religiosa do Ocidente? E como entender a variedade de formas da figura humana de Jesus, dos modelos caucasianos aos orientais, dos negros aos Cristos indígenas? E como comparar essas imagens a partir das diferentes visões de Jesus, do rabi judaico ao Cristo cósmico, do poeta do espírito ao Libertador? A resposta não é fácil. Talvez a melhor explicação venha da tríade proposta, cinco séculos antes de Cristo, pelo filósofo grego Platão, que influenciou decisivamente o pensamento cristão alguns séculos depois. Para o pensador, a ideia de Deus reunia em uma única mirada as noções de Bem, Belo e Verdadeiro. A teologia cristã, inspirada em Platão traduziu essa tríade na concepção bíblica de um Jesus que era ao mesmo tempo o Caminho, a Verdade e a Vida. A história da teologia, no entanto, quase sempre se preocupou com duas dessas três possibilidades. Jesus foi traduzido em termos de verdade e bondade, ficando a beleza em segundo plano. O resultado foi a postulação de um Cristo intelectual e moral, que convence mais pela inteligência e pela ética. Não se criou, ainda bem para a história da arte, uma teologia da beleza, ortodoxa e cheia de regras. Com isso, o imaginário de Jesus ganhou liberdade na mão dos artistas. No momento em que a Igreja corre sério risco de desvios dos caminhos da verdade e da bondade, quem sabe não seria o tempo de propor uma teologia da beleza? Nada mais cristão. Nada mais humano.



http://www.uai.com.br/em.html. Acessado em : 04/04/2010

Confira as várias faces de Cristo da artista de nossa região no site: http://ledateixeira.com/

Comentários

  1. Oi Ana Luiza,
    Seu blog é lindo! Parabéns.
    Obrigada pela divulgação do "nosso Cristo".
    Bjus, Lêda

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