Em dia de jogo, África do Sul lembra aniversário de massacre estudantil

Massacre em Soweto, há 34 anos, virou marco na luta contra o apartheid.
População se concentra na rua do massacre para cantar.

Rafael Pirrho Do Globoesporte.com, em Joanesburgo

Memorial Hector Peterson recebe flores do aniversário de 34 anos da morte do menino 
Memorial Hector Peterson recebe flores do
aniversário de 34 anos da morte do menino
(Foto: Rafael Pirrho/Globoesporte.com)

Este 16 de junho é feriado nacional na África do Sul. Não pela partida dos anfitriões contra o Uruguai, mas por causa de um evento que ajudou o país a poder, um dia, sediar uma Copa. Há exatos 34 anos, em 1976, cerca de 10 mil estudantes negros protestavam contra o ensino obrigatório do afrikaans (a língua dos governantes do Apartheid) nas escolas do país.
A manifestação em Soweto era pacífica, mas foi respondida com violência pela polícia. Dezenas de estudantes morreram, incluindo Hector Peterson, de 13 anos, que virou mártir depois que uma foto dele, já morto, ganhou o mundo.
Hector virou símbolo da luta  
Hector virou símbolo da luta (Foto: Divulgação)
Na manhã desta quarta-feira (16), centenas de pessoas se concentraram na rua onde aconteceu o massacre para cantar músicas da resistência negra. Lá foram erguidos um memorial, inaugurado por Nelson Mandela em 1992 (quando ele ainda não era presidente), e depois um museu. O local tornou-se um dos pontos turísticos mais visitados de Joanesburgo.
“Aquele foi um dia trágico, mas hoje, depois de termos conseguido a liberdade, olhamos com orgulho para ele. Foram movimentos como esse que mudaram a história da África do Sul. Antes estávamos banidos pela Fifa, não podíamos sequer jogar uma Copa. Agora temos uma Copa em casa. O que aconteceu abriu muitas portas para nós, incluindo para nossos jogadores, que hoje estão neste Mundial.”
Moradora de Soweto canta músicas de resistência negra na rua do massacreMoradora de Soweto canta músicas de resistência negra na rua do massacre (Foto: Rafael Pirrho/Globoesporte.com)
Quem diz isso, curiosamente, é o homem responsável por abrir as portas do Museu Hector Peterson. O porteiro David Madidilane, 39 anos, espera que a luta daquele 16 de junho inspire os Bafana Bafana nesta quarta-feira.
“Quando pisarem no gramado, os jogadores precisam lembrar deste dia, saberem da importância que ele tem em nossa história. Devem mostrar o mesmo espírito de luta que outras gerações mostraram para fazer este país melhor”, destaca Madidilane.
Memorial traz famosa foto de Hector Peterson morto após repressão violenta da políciaMemorial traz famosa foto de Hector Peterson morto após repressão violenta da polícia (Foto: Rafael Pirrho/Globoesporte.com)
A seleção sul-africana tem uma chance preciosa para tornar o 16 de junho ainda mais especial para o país. Uma vitória sobre o Uruguai, em Pretória, deixa a equipe muito próxima da classificação para as oitavas de final.
“Vamos ganhar de 4 a 0. Jogar neste dia é muito significativo para nós. Se não fosse por Deus, por Mandela e por tantos que se sacrificaram, hoje nem teríamos uma Copa do Mundo aqui”, lembra Eugenia Jabuwantcho.
 http://g1.globo.com/especiais/africa-do-sul-2010/noticia/2010/06/em-dia-de-jogo-africa-do-sul-lembra-aniversario-de-massacre-estudantil.html

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