Líder da ONU aposta na África


"A África pode estar assistindo ao seu renascimento." Isso é o que espera Ban Ki-Moon, secretário-geral das Nações Unidas, motivado pelo entusiasmo da primeira Copa do Mundo da FIFA realizada no continente africano. Em conversa com o FIFA.com, ele falou sobre o poder unificador do esporte e o legado que o torneio pode deixar.

O que a ONU e a FIFA têm em comum?
Ambas compartilham objetivos comuns que podemos levar adiante, como a missão de reunir pessoas de todo o mundo em um ambiente positivo que promova a paz e a cooperação. A FIFA e a ONU acreditam no poder e no potencial que esta Copa do Mundo tem de deixar em evidência as possibilidades de desenvolvimento e paz na África e a capacidade de usar o futebol como um meio de atingir esse fim. Com a decisão de premiar a África do Sul com a Copa do Mundo em 2010 e o Brasil em 2014, a FIFA demonstrou a intenção de desenvolver muito mais do que o esporte, já que estes eventos irão também desenvolver dois continentes como um todo.

O senhor acredita que o futebol pode ajudar a unir as pessoas?
O esporte, como o futebol, se utilizado apropriadamente, pode com certeza atuar como força unificadora. O exemplo mais claro foi o impacto da Copa do Mundo de Rúgbi na África do Sul, que estimulou o nascimento da "Nação Arco-Íris". Outra prova foi quando a seleção do Iraque, composta por sunitas, xiitas e curdos, venceu a Copa Asiática. As duas Coreias também, entrando nas Olimpíadas sob uma única bandeira. Estes exemplos mostram como o futebol é capaz de unir até mesmo em países assolados por conflitos, e ainda ter um impacto parecido em escala global. Há décadas, os eventos esportivos internacionais têm aproximado nações em guerra, países com relações historicamente tensas e outros que por algum motivo estiveram em campos opostos.

Qual é a principal força do futebol para o senhor?
O futebol é um esporte de simplicidade e elegância. Tem um alcance global, é praticado por homens e mulheres e teoricamente pode ser jogado em qualquer lugar. Seja em um evento esportivo de grande escala, como a Copa do Mundo, ou em uma partida improvisada nas ruas, o futebol tem o poder de dar confiança, esperança e orgulho aos mais fracos, além de promover o trabalho em equipe e a solidariedade.

Existem projetos da ONU que utilizam o futebol como ferramenta para ajudar as pessoas?
Com a orientação do meu assessor especial da pasta do Esporte para o Desenvolvimento e a Paz, Wilfried Lemke, que tem experiência no mundo do futebol, o esporte tem ganhado cada vez mais importância dentro das Nações Unidas. Foram criados programas inovadores nas diversas agências da ONU, e muitos deles estão presentes neste momento na África do Sul para a Copa do Mundo. Embora a lista seja enorme, quero destacar a criação da música 8 Goals for Africa, baseada nos Oito Objetivos do Milênio, porque ela representa uma iniciativa conjunta de várias agências da ONU reunidas em solidariedade e apoio à África na Copa do Mundo.

O senhor acha que a FIFA e a ONU poderiam trabalhar juntas ainda mais? Como?
Os projetos da FIFA, como o Football for Hope, são exemplos claros de que a entidade tem demonstrado desejo de trabalhar não apenas pelo desenvolvimento do futebol, mas também pelo desenvolvimento através do futebol. Tenho certeza de que futuras parcerias entre as duas organizações seriam mutuamente benéficas. Peço que a FIFA redobre, depois da Copa do Mundo de 2010, os esforços nesta área e colabore com todos os setores da ONU.

Qual é a sua primeira lembrança de uma Copa do Mundo da FIFA?
O que guardo com mais carinho não é a lembrança de uma Copa do Mundo, mas a lembrança de um presente. Foi uma bola improvisada que recebi no Congresso Olímpico Internacional em Copenhague, no ano passado. Ela veio do Quênia, onde foi feita por crianças utilizando trapos, plástico e cordas. O que mais me sensibilizou e me deixou otimista com as próximas gerações foi saber que foi um presente de crianças quenianas menos favorecidas para crianças palestinas. Essa bola provou que as crianças não vão deixar que nada as impeça de alcançarem os seus sonhos.

O que o senhor sentiu durante o Mundial de 2002, realizado no seu país?
Tenho uma viva lembrança. A cidade de Seul, na verdade toda a nação, parecia um mar vermelho, a cor da seleção sul-coreana, que chegou até as semifinais. A empolgação era enorme, assim como o orgulho por termos conseguido sediar a Copa do Mundo com o Japão. Foi uma prova do poder de união do futebol não apenas no meu país, mas em toda a Ásia e além.

O senhor jogou futebol quando era mais novo?
Sim, nos recreios da escola. Até quebrei o braço durante um jogo, quando estava no ensino fundamental. Ainda consigo jogar ocasionalmente. Há alguns dias, participei de uma partida beneficente em Uganda com o presidente Museveni.

Para concluir, o senhor tem alguma seleção favorita para a África do Sul 2010?
Tenho um segredo que espero que todos os que acompanham o FIFA.com consigam manter em sigilo. Já sei quem é a vencedora desta Copa do Mundo, que é também a minha favorita. É claro que é a África. É uma vitória para este continente e um momento de glória para todos os que enxergam o esporte como um instrumento para os nossos esforços de levar paz e prosperidade a todos os cantos do planeta.

http://pt.fifa.com/worldcup/news/newsid=1233955/index.html#lider+onu+aposta+africa

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