Festas Barrocas: O Triunfo Eucarístico


Entre as manifestações que movimentaram a vida social na região das Gerais ficaram célebres as opulentas festas do Triunfo Eucarístico (1733) e do Áureo Trono Episcopal (1748).
A festa do Triunfo Eucarístico foi realizada com pompa e ostentação, em 25 de maio de 1733, quando o Santíssimo Sacramento foi transferido da igreja do Rosário para a matriz do Pilar de Vila Rica. Expressava o estado coletivo de euforia, celebrando o apogeu do metal precioso - símbolo temporal de riqueza e de poder - que "iluminava" a aventura mineradora, no seu apogeu, nas Gerais.

Igreja do Pilar. Ouro Preto




A historiadora Mello e Souza descreve:

"As janelas foram adornadas com colchas de seda e damasco, e as ruas se enfeitavam com arcos, para além dos quais foi montado um altar "para descanso do Divino Sacramento, e deliberado ato da pública veneração". Completavam o quadro muitas flores e uma verdadeira explosão aromática, tudo isto segundo o testemunho de Simão Ferreira Machado, autor do Triunfo Eucarístico, texto em que a trasladação é narrada:

Parece não ter limites a pompa então presenciada por Vila Rica: danças, alegorias, cavalhadas, figuras a cavalo representando os Quatro Ventos, todos luxuosamente vestidos e enfeitados com pedras preciosas. O bairro do Ouro Preto, onde se situava a Matriz, também foi representado, ao lado da Lua, das Ninfas, de Marte, de Vênus, de Mercúrio, de Júpiter, do Sol, da Estrela d'Alva e da Vespertina, entre muitas outras figuras. O Conde das Galvêas, governador das Minas, assistiu às festas juntamente com "toda a Nobreza, e Senado da Câmara", e Simão Ferreira Machado diz não haver lembrança "que visse o Brasil, nem consta, que se fizesse na América ato de maior grandeza". E, continua o autor, se dentre os povos os portugueses se destacam pelos seus atos admiráveis, "agora se vêm gloriosamente excedidos dos sempre memoráveis habitadores da Paróquia do Ouro Preto", que com "majestosa pompa e magnífico aparato" trasladaram o Santíssimo Sacramento da Igreja do Rosário para a nova Matriz do Pilar.

Minas estava então no seu apogeu. Vila Rica era "por situação da natureza cobiça de toda a América, pela opulência das riquezas a pérola preciosa do Brasil".

Igreja São Francisco de Assis- Ouro Preto

 
Cf. O falso fausto. In: MELLO e SOUZA, Laura de. Os desclassificados do ouro: a pobreza mineira no século XVIII. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2ª edição, 1986, p. 19-21.





 

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