Educação feminina

Privilégio de ser a primogênita das Escolas Normais de Minas Gerais, a Escola Nossa Senhora Auxiliadora de Ponte Nova, recebeu o título de "Patrimônio moral e intelectual da Juventude" na Primeira República.

Educação feminina

Com a exposição imagens da Educação Feminina a Escola Nossa Senhora Auxiliadora exibe fotografias de seu acervo, entre 1896 e 2007, percorrendo cento e doze anos da presença salesiana na história da educação na Zona da Mata Mineira. Montada pela primeira vez em Ponte Nova a mostra reúne imagens selecionadas nos arquivos da Escola Nossa Senhora Auxiliadora que dialogam com fragmentos das crônicas das Filhas de Maria Auxiliadora, com o arquivo Público Municipal de Ponte Nova, da Cúria de Mariana e da Inspetoria Madre Mazzarello. As fotografias expressavam, assim, um modo de olhar a figura feminina, uma personagem que se modifica e que altera as percepções. É uma mostra que interessa não só à Família Salesiana, alunos, ex-alunos e o povo de Ponte Nova, mas especialmente, a mulher, que teve aqui espaço para se projetar na História.

Educação Centenária

A chegada desta pequena caravana, foi um verdadeiro triunfo.
Cr. 1896

No dia 6 de abril de 1896, as Irmãs Maria Cousirat, Oliva Facchini, Irmã Rosina Pomati, Irmã Veridiana Godoy, Ir. Dolores Petazzi, Ir. Paulina Heytman, acompanhadas pelo Padre Carlos Peretto e o Reverendíssimo Padre Agostino Zanella, partiam de Guaratinguetá e depois de vários dias de viagem chegavam à Vila de Ponte Nova, para dar continuidade a obra iniciada por D. Luis Lasagna, uma escola para jovens:

"A chegada desta pequena caravana, foi um verdadeiro triunfo; esperavam na estação, autoridades eclesiásticas e civis, acompanharam-na à Igreja Paroquial e depois às casas das famílias benfeitoras do novo colégio. Pela distância da vila ao colégio, não foi possível chegar ao mesmo dia".

No dia 11 de abril, acompanhada sempre de uma eleita comitiva de senhores e do vigário João Paulo Maria de Brito, foi feita a solene entrada do novo colégio. O vigário celebrou a Santa Missa e ajudado do nosso Inspetor, passava a benzer a casa. Casa que fundada no sangue de tantos mártires, não deixaria de dar copiosos frutos".[1]

Enfrentando e superando as dificuldades dos primeiros anos, as irmãs e as novas educandas eram obrigadas a dormir no travesseiro mesmo no solo. "Na escola não havia bancos nem carteiras, livros ( ...)"[2] Funcionando em regime de internato e externato, o Instituto Maria Auxiliadora, projetar-se-ia desde o início pelo forte espírito católico.

Privilégio de ser a primogênita das escolas normais de Minas Gerais e a primeira Escola Normal entre as escolas Salesianas do Brasil, pelo decreto Nº. 1318 de 17 de abril de 1899: em clima de festa, o acontecimento foi celebrado em uma sessão dramático musical no colégio, com a participação do Revmo. Pe. Carlos Peretto, amigos e benfeitores da obra salesiana: o Senador Martins e à sua esposa, dona Maria Genoveva Martins".[3]

Importantes conquistas são feitas pelas mulheres e as autoridades de ensino afirmavam que, a Escola Normal Nossa Senhora Auxiliadora era o patrimônio moral e intelectual de Minas .[4]

1 Cf. Crônicas da Escola Maria Auxiliadora - Ponte Nova, 1896.
2 Idem.
3 Crônicas da Escola Nossa Senhora Auxiliadora, 1899.
4 CORREIO DA SEMANA, Ponte Nova, dezembro de 1919. Grifos nossos.

Sem deixar de lado o esperado papel de esposa e mãe, as normalistas começam a ocupar espaço no mundo do trabalho, percebendo que o papel da mulher na sociedade moderna "tende a igualar-se ao do homem, e a luta pela conquista da igualdade de direitos (...)".[1] Votar e ser votada são reivindicações que se tornaram conquistas nas décadas de 1920 e 1930.

Nas décadas seguintes outras conquistas, formaturas, retiros espirituais, missões religiosas, participação em Congressos Nacionais, lutas, imagens da educação e do espaço doméstico, de momentos esportivos, festas de Maria Auxiliadora. Imagens que ajudam a contar história das mulheres que é também uma história de homens e de como se distinguem e se misturam papéis, poderes, silêncios e palavras.

Ana Luiza Fernandes de Oliveira Dias
Mestra em Economia Doméstica, Pedagoga e Especialista em História

[1] CORREIO DA SEMANA. Abril de 1919.


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