Pertencer a à nação brasileira: o que significa?


Monarquia ou república? Essa foi uma das questões em foco no debate político,  anterior à própria independência. Na Monarquia, cristalizava-se a esperança de ver apaziguadas as divergências entre os grupos políticos provinciais e locais e entre os senhores do país e o povo-massa:

“Acusam-me alguns de que plantei a Monarquia. Sim, porque vi que não podia ser de outro modo então; porque observava que os costumes e o caráter do povo eram eminentemente aristocráticos; porque era preciso interessar às antigas famílias e os homens ricos que detestavam ou temiam os demagogos... Sem a monarquia não haveria um centro de força e união, e sem esta não se poderia resistir às cortes de Portugal e adquirir a Independência Nacional”

(José Bonifácio, apud Carvalho Souza,1999:268).




               "Independência ou Morte", quadro a óleo de Pedro Américo, pintado em 1888 e conservado no Museu 
                Paulista (Museu do Ipiranga), na capital paulista. Um grito que não foi.




A eventual liberdade dos negros levaria à ruptura das estruturas vigentes, sobretudo as relações escravistas de trabalho e era temeroso também o fato de os negros conquistarem a condição de igualdade de direitos. Assim, a  visão tradicional da independência desconsidera a participação dos negros no processo, enquanto o texto abaixo demonstra o contrário:


Os escravos não testemunharam passivamente a Independência. Muitos chegaram a acreditar, às vezes de maneira organizada, que lhes cabia um melhor papel no palco político. Os sinais desse projeto dos negros são claros. Em abril de 1823, dona Maria Bárbara Garcez Pinto informava seu marido em Portugal, em uma pitoresca linguagem: "A crioulada fez requerimentos para serem livres". Em outras palavras, os escravos negros nascidos no Brasil (crioulos) ousavam pedir, organizadamente, a liberdade!

(Adaptado de O Jogo Duro do Dois de Julho: o "Partido Negro" na Independência da Bahia, em João José Reis e Eduardo Silva, Negociação e Conflito. A resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Cia das Letras, 1988, p. 92).

 Que vergonha, meu Deus! ser brasileiro
e estar crucificado num cruzeiro
erguido num monte de corrupção.
Antes nos matavam de porrada e choque
nas celas da subversão. Agora
nos matam de vergonha e fome
exibindo estatísticas na mão.
Estão zombando de mim. Não acredito.
Debocham a viva voz e por escrito
É abrir jornal, lá vem desgosto.
Cada notícia é um vídeo-tapa no rosto.
Cada vez é mais difícil ser brasileiro.
Cada vez é mais difícil ser cavalo

desse Exu perverso
nesse desgoverno terreiro.
Nunca vi tamanho abuso.
Estou confuso, obtuso,
com a razão em parafuso:
a honestidade saiu de moda
a honra caiu de uso.
De hora em hora a coisa piora:
arruinado o passado,
comprometido o presente,
vai-se o futuro à penhora (...)

SANT'ANNA, Affonso Romano de. Política e paixão. Rio de Janeiro: Rocco, 1984.





A saga de Frei Caneca. Um dos líderes da revolta de 1824 em Pernambuco. Liberal e republicano, Frei Caneca insurgiu-se contra o Imperador D. Pedro I, quando da dissolução da Assembleia Constituinte. Painel de DIAS, Cícero. Frei Caneca.









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