Reconhecimento é a chave para os museus exercerem seu papel social
Tema: O papel social dos museus
SER DIFERENTE: FAZER DIFERENÇA
A palavra-chave, quando falamos no papel social dos museus, é “reconhecimento”. Reconhecimento dos seus múltiplos públicos, reconhecimento de seu espaço físico e de seu entorno, reconhecimento de sua posição dentro da comunidade e de uma sociedade dinâmica e em constante mutação, reconhecimento dos valores que permeiam esta sociedade, reconhecimento das limitações a sociedade e de suas próprias limitações. Isso, sem falar, claro, do reconhecimento de seus acervos e suas potencialidades.
Creio que, sem este fundamental reconhecimento, não há o que se falar sobre “o papel social dos museus”!
Até não muitos anos atrás, os museus, no mundo todo, se entendiam como espaços sagrados, iluminados e para iluminados, apenas. Isso, inclusive, lhes rendeu a fama de “depósitos de velharia”, “espaços chatos” e outras gracinhas do gênero. Em certos casos e situações, muito bem aplicadas tais gracinhas.
Graças a uma grande conscientização dos profissionais da área (às vezes até movidos pela pura necessidade), os museus adotaram uma postura diferente, nova e, ouso dizer, extremamente dinâmica diante de muitos outros tipos de equipamentos culturais. Os museus compreenderam que eles não existem sem seus visitantes, que a obrigação de comunicar é deles e os visitantes não têm a obrigação de entender, que as ações de preservação, pesquisa e difusão só têm valor porque servem a uma causa pública, porque servem a uma sociedade e ao desenvolvimento desta.
Assim, nos últimos anos, o que passamos a ver são museus dinâmicos, interessados em dialogar com seus públicos e com novos públicos, preocupados com as transformações à sua volta, preocupados em “fazer diferença”! Os museus, atualmente, além de suas funções típicas, se transformaram em grandes centros culturais e apresentam uma programação muito variada, da música ao teatro, dos cursos e oficinas às mostras de cinema. Hoje, são verdadeiros espaços de vivência sociocultural.
No estado de São Paulo, são vários os exemplos que demonstram esta preocupação dos museus com seu papel social.
A Secretaria de Estado da Cultura mantém diretamente 22 museus: 13 na Capital e nove no interior e litoral.
São museus com características muito diversas, com acervos diferentes, espaços físicos extremamente distintos uns dos outros, histórias peculiares, porém, todos têm algo em comum: a preocupação com sua função social, com o papel que representam dentro de sua comunidade, dentro da sociedade paulista e brasileira.
Vários os exemplos que poderiam ser aqui mencionados, já que, dentro de uma mesma instituição, encontramos várias ações que demonstram esta preocupação. Como o tempo não me permite, tive de escolher alguns exemplos e, devo confessar, foi uma escolha bastante difícil.
Por uma questão de idade e respeito, já que se trata do museu de arte mais antigo do estado de São Paulo, pincei algumas ações desenvolvidas pela equipe da Pinacoteca do Estado, como o Programa de Inclusão Sociocultural e o Programa Educativo Públicos Especiais.
- Programa de Inclusão Sociocultural
Visa promover o acesso qualificado aos bens culturais presentes no museu a grupos expostos à vulnerabilidade social, grupos com pouco ou nenhum contato com instituições oficiais de cultura.
Os principais objetivos são: ampliação do repertório dos participantes; ampliação da noção de pertencimento cultural; desenvolvimento da percepção estética e consequente fortalecimento da capacidade crítica dos participantes; desenvolvimento nos participantes da autoconfiança e propiciação da aquisição e do manejo de conhecimentos e habilidades cognitivas, emocionais ou vivenciais.
O projeto se dá por meio de parcerias com organizações sociais públicas ou privadas para o desenvolvimento de ações continuadas; formação de educadores sociais; distribuição de material impresso, o “Arte+”, oferecido gratuitamente a organizações sociais de todo o Brasil; e ações extramuros no entorno do museu, com adultos em situação de rua (nestes casos, o museu oferece palestras, oficinas, visitas e promove exposições a partir de trabalhos realizados por este público).
Em aproximadamente oito anos, foram atendidas mais de 14.300 pessoas por este trabalho do Núcleo de Ação Educativa da Pinacoteca do Estado.
- Programa Educativo Públicos Especiais (PEPE)
Ação voltada para o atendimento de grupos especiais (pessoas com deficiências sensoriais, cognitivas, físicas e emocionais), bem como grupos inclusivos (que reúnem pessoas com e sem deficiências).
O objetivo é promover e ampliar o acesso desses visitantes ao importante patrimônio artístico e cultural brasileiro, representado, no caso, pelo acervo da Pinacoteca.
O programa produz publicações especializadas (folhetos, informativos sobre o programa, catálogos em dupla leitura, audioCD e Guia de visitação para o público surdo). Oferece visitação autônoma à Galeria Tátil de Esculturas Brasileiras e cursos de formação para educadores e profissionais da área de museus e saúde. Constantemente, são desenvolvidas ações de consciência funcional, com os funcionários da Pinacoteca do Estado, para a recepção do público-alvo.
Criado em 2003, este programa se espalhou por outros museus da Secretaria de Estado da Cultura e, somente na Pinacoteca do Estado, já atendeu mais de 7 mil visitantes.
O Museu Casa de Portinari, em Brodowski, também realiza um importante programa educativo para públicos especiais, fruto de um trabalho de autoconhecimento de seus espaços, de uma sólida parceria com instituições da região e da decisiva participação de pessoas com deficiências que colaboraram ativamente para a construção desta ação, que torna este encantador museu exemplo para o país todo.
No programa, criado e aprimorado pelo Museu Casa de Portinari, devo destacar a busca pela preservação da autonomia dos visitantes especiais e o desenvolvimento de ferramentas que facilitam as ações, como vídeos, apostilas e um DVD elaborado especialmente para os visitantes surdos.
Quero destacar que a adoção de ações que possibilitem a inclusão dos visitantes portadores de deficiências é uma determinação da Secretaria de Estado da Cultura, dentro de um conjunto amplo de políticas públicas adotadas pelo Governo de São Paulo, que culminou, inclusive, com a criação da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Não poderia falar do papel social do museu sem falar do Museu Afro Brasil, jovem instituição criada em 2004, recentemente qualificada como Organização Social de Cultura, que firmou um Contrato de Gestão com o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, que prevê o repasse de recursos para a manutenção de sua edificação e de sua qualificada equipe.
Particularmente, entendo que o Museu Afro Brasil em si, por seu significado, já cumpre um papel social dos mais importantes no Brasil. Trata-se de um espaço de identidade nacional, de reconhecimento e de valorização de culturas que contribuíram e contribuem para a formação da nossa cultura brasileira e que sempre estiveram relegadas a um plano inferior.
Em termos práticos, quero ressaltar a implantação de um Pontão de Cultura no museu. Os Pontos de Cultura, projeto do Ministério da Cultura desenvolvido através de sua Secretaria de Programas e Projetos Culturais, têm a missão de “desesconder” o Brasil, apresentar o Brasil aos brasileiros. Assim, realmente não poderia haver local mais indicado que o Museu Afro Brasil, que, graças a este projeto, pôde ampliar mais ainda suas ações socioculturais voltadas para crianças, adolescentes, adultos e professores, oferecendo seminários, cursos e atividades que promovem e valorizam a identidade dos participantes.
Cabe ressaltar que o Museu Afro Brasil serve de exemplo das mais que possíveis e necessárias parcerias e projetos conjuntos entre esferas diferentes de Governo, no caso, as três esferas: municipal, estadual e federal.
No Museu Afro Brasil, não bastassem sua coleção riquíssima de mais de 4 mil peças e sua localização especial dentro do Parque do Ibirapuera, se vocês tiverem um pouco de sorte, ainda vão poder se deliciar com comidinhas típicas que já viraram uma marca registrada da casa.
Bem, seria possível continuar enumerando e minimamente descrevendo inúmeras ações da Secretaria de Estado da Cultura no sentido de fortalecer o papel social do museu, por exemplo, o programa do MIS, que oferece transporte gratuito para grupos de escolas públicas e organizações não governamentais sem fins lucrativos.
No entanto eu gostaria, também, de aproveitar este precioso espaço para falar um pouco da minha experiência pessoal, vivenciada nestes últimos 4 anos e 3 meses no Museu da Língua Portuguesa.
Gostaria de falar no trabalho, realizado por uma equipe sempre guiada e amparada pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo, para a construção de um espaço cultural, um museu com significado social para os paulistas e brasileiros e para todos os falantes de nosso idioma.
Quando o museu foi inaugurado, ninguém tinha muita noção do que ele viria a representar e qual o seu verdadeiro papel no cenário sociocultural de São Paulo e do Brasil. Alguns defendiam que o museu deveria ser o templo do nosso idioma, o polo irradiador e aglutinador de todas as discussões que pairam sobre a Língua, o grande espaço produtor de tratados e afins sobre o Português.
Eu e minha equipe não discordamos de todos estes possíveis e almejados papéis que poderão ser representados pelo museu, mas, antes de tudo, tínhamos um desafio: inserir o museu (interativo, tecnológico, extremamente exposto à mídia, com sabor de novidade) no cotidiano da cidade, do Estado, do Brasil. Tirar das costas da instituição o peso da novidade inconsequente e trazer o peso de um museu comprometido com seu acervo, comprometido com seu público, comprometido com nossa realidade e absolutamente orgânico dentro da comunidade, aliás, como orgânica é a língua, seu patrimônio!
Devo confessar que esta tarefa, sempre norteada pela Secretaria de Estado da Cultura, não se mostrou das mais difíceis nem sofridas.
Localizado no Prédio da Estação da Luz, por onde há mais de 109 anos passam centenas de milhares de pessoas (atualmente mais de 350 mil pessoas – trem/metrô), o museu não poderia lá se instalar e manter a postura de “estranho” incensado pela mídia.
Desde o início, entendemos que, como manda a boa educação, os que chegam devem se apresentar. Assim, uma das primeiras ações do museu foi procurar a Associação dos Lojistas do Bom Retiro e estabelecer um programa de visitas gratuitas para os funcionários das centenas de lojas que se localizam no entorno do museu e usam diariamente as estações de trem e metrô da Luz. Importante nos apresentarmos, importante mantermos uma relação cordial com nossos vizinhos.
A partir daí, sem inventarmos projetos novos, fomos nos associando a projetos já existentes e desenvolvidos por órgãos públicos e/ou empresas. Devo ressaltar que o primeiro projeto em que nos engajamos foi “O Centro é uma sala de aula”, da Subprefeitura da Sé, que periodicamente leva os alunos da Rede Pública Municipal a ter aula em espaços culturais da cidade, como o Museu, a Pinacoteca, a Sala São Paulo e até o Cemitério da Consolação. A parceria foi estabelecida e, naquele momento, o maior beneficiado fomos nós, pois era o Museu da Língua Portuguesa que precisava se firmar no espaço da cidade, que precisa desenvolver ações socioculturais.
Em pouco tempo, já tínhamos parcerias com a CPTM, Polícia Militar do Estado de São Paulo, Fundação Casa, Guarda Civil Metropolitana, Secretaria de Estado da Educação, Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, Projeto Teatro Vocacional da Prefeitura, enfim, tantas parcerias que nosso potencial de atendimento rapidamente se esgotou (sem contar os 18 grupos que visitam o museu com horários pré-agendados, entre terça-feira e sexta-feira). Até por incapacidade momentânea, nos deixamos aproveitar por projetos já existentes, provados e comprovados, assim, a integração do museu se deu de maneira muito rápida e sem sustos. Fica aí uma dica! Não inventamos, mas nos integramos em ações já desenvolvidas pela sociedade.
Para apoiar e reforçar esta ação de inserção do museu no dia a dia da sociedade, o Núcleo Educativo criou alguns materiais gráficos que são oferecidos gratuitamente: um caderno de 36 páginas para os coordenadores/professores/educadores de todos os grupos que agendam visitas acompanhadas de Educadores (tal material é antecipadamente enviado pelo correio) e um folder da família, distribuído no pátio de acesso do Museu a grupos familiares, cujo objetivo é facilitar a compreensão dos conteúdos disponibilizados e promover a integração familiar durante a visita.
Além disso, o Núcleo Educativo oferece cursos gratuitos aos professores com visitas previamente agendadas e cursos para professores interessados em geral e que pretendem visitar o Museu futuramente.
Para operacionalizar toda esta ação, o Museu conta com uma equipe de 21 profissionais no seu Núcleo Educativo e, atualmente, trabalha também com mais 20 estagiários, cumprindo, assim, uma importante função de espaço educativo e socialmente diferenciado.
Duas posturas também foram adotadas no Museu desde a sua inauguração que rendem muitos bons resultados quando tratamos do papel social do museu. A primeira, uma política desburocratizada e muito simples de concessão de gratuidade a grupos de visitantes que não podem pagar ingressos. Eu sempre brinquei que Deus ajuda e, a cada gratuidade que damos, Ele nos responde com três visitantes pagantes. Parece bobagem, mas não é: tal política contribuiu demais para a inserção do museu no dia a dia da sociedade e das mais diversas comunidades. E é interessante notar como não verificamos abusos do público, só pedem a gratuidade aqueles que efetivamente não podem pagar o ingresso. É incrível o senso de responsabilidade dos visitantes!
Outra ação muito simples, mas que reverte em frutos importantes para a imagem do Museu e faz com que seja reforçado seu papel social, é a política de atendimento a reclamações, sejam elas presenciais, sejam virtuais. No caso de mensagens enviadas por e-mail, não se pode demorar mais de 24 horas para responder. Isso confere credibilidade à instituição e dignidade ao usuário. No caso de reclamações presenciais, sempre algum funcionário da administração tem que receber a pessoa e dar encaminhamento à reclamação, com o devido retorno. Graças a um trabalho conjunto, de equipe, recebemos um número insignificante de reclamações. Hoje, a maioria das mensagens recebidas trata de congratulações ou questões relativas ao nosso acervo, e estas mensagens são igualmente respondidas com presteza.
É papel social do museu, ainda, fazer com que o visitante se sinta à vontade, bem recebido, bem acolhido, que ele se sinta a causa da existência do museu, valorizado como cidadão, isso sem que a instituição esqueça a missão educativa comportamental que, muitas vezes, deve exercer, já que recebe centenas de visitantes que nunca pisaram em um espaço museológico antes.
Como todos os demais museus da Secretaria de Estado da Cultura, realizamos ações voltadas para públicos especiais e estamos em plena fase de implantação de um projeto que tornará, até o final deste ano, o museu 100% acessível para públicos com as mais variadas deficiências. O Museu conta com funcionários capacitados na linguagem brasileira de sinais.
Com agenda de visitação de grupos lotada, com parcerias sólidas consolidadas que visam dar acesso a um público usualmente marginalizado dos distintos processos de desenvolvimento e formação cultural, o Núcleo Educativo do Museu entendeu que era hora de alcançarmos um público não com dificuldades de locomoção e acesso, mas um público impossibilitado de chegar ao museu!
Assim, em caráter experimental, implantamos, no final do ano passado, o Projeto Dengo: um museu para todos, em parceria com o GRAACC (Grupo de Apoio à Criança e Adolescente com Câncer).
Em todas as segundas-feiras, dia em que o Museu não abre à visitação pública, um grupo de Educadores, munidos de muita disposição e de laptops, preparados com conteúdos da exposição de longa duração, visita a instituição parceira e leva um pouco do Museu às crianças e jovens, exatamente no momento em que elas se submetem às aplicações de quimioterapia. Os resultados são maravilhosos.
O nosso plano é estender essas visitas para hospitais, asilos, penitenciárias e outros espaços que reúnam pessoas sem possibilidade de locomoção.
O Museu também promove, normalmente às quintas-feiras, uma ação, coordenada por uma atriz e dramaturga, que visa trazer crianças de escolas públicas da região para dentro do espaço físico do museu com um único objetivo: brincar! Brincar de contar histórias, brincar de representar histórias, brincar de falar, brincar de ouvir, brincar de cantar! Assim, pretendemos resgatar este universo de brincadeiras infantis e mostrar às crianças que o Museu é um espaço legal, bacana, aberto e divertido. Durante esses encontros, as crianças visitam as exposições do Museu e recolhem de lá ideias e material para suas brincadeiras.
Aliás, esta ação também está muito ligada a outra que o museu desenvolve já há três anos, com muito sucesso: a promoção de um curso de confecção de bonecões de Carnaval no mês de janeiro que termina, no sábado de Carnaval, em um alegre desfile, no entorno da Estação da Luz, dos bonecões acompanhados de uma bandinha típica de Carnaval e de grupos carnavalescos de raiz, como o Vovô da Serra do Japi, de Santana do Parnaíba.
Estas ações, tipicamente culturais, têm um papel social muito importante: identificam o museu como um espaço diferenciado, aberto às diversas linguagens e manifestações. No caso do Museu, que considera a língua portuguesa como elo fundador da identidade cultural brasileira, estas ações têm um sabor de preservação de tradições culturais e servem de contrapeso a um museu extremamente tecnológico e moderno. Queremos ressaltar que toda tecnologia é bem-vinda e deve ser usada como ferramenta que facilita o aprendizado e encurta distâncias, mas o contato “olho no olho”, o desenvolvimento de ações presenciais e a utilização de nossos potenciais físicos é primordial para que o ser humano não perca a sua real dimensão no tempo e no espaço. Além disso, sempre procuramos mostrar que modernidade e tradição não são antagonistas, mas lados que se complementam e contribuem para uma formação humana mais completa.
Vários outros exemplos poderiam ser dados: como o Museu do Café e o Museu do Futebol cumprem funções sociais relevantes quando decidem promover a transmissão dos jogos do Brasil na Copa do Mundo; como o Memorial do Imigrante se transforma em espaço de vivência e convivência social quando promove suas deliciosas festas em homenagem às comunidades imigrantes; e tantas outras ações que se desenvolvem no Museu de Arte Sacra, no Museu da Casa Brasileira e nos nossos inúmeros museus do interior.
Isso só para mencionar os museus da Secretaria de Estado da Cultura. Caso se quisesse falar das ações de instituições como o Masp, o Instituto Cultural Itaú, o Museu Lasar Segall, o Instituto Tomie Ohtake, o Museu de Zoologia da USP, o MAC, o Zoológico de São Paulo, o MAM, o Aquário de São Paulo, os três dias do encontro não seriam suficientes.
Finalizando, acredito muito na humanização das relações como alicerce primordial para o papel social do museu. E me lembro aqui de uma experiência vivida por mim e pelo diretor da Pinacoteca do Estado no ano passado, durante nossa participação no Encontro de Museus da Bahia.
Após uma palestra minha sobre o Museu da Língua Portuguesa e uma apresentação da Pinacoteca por seu diretor, um valoroso administrador de um museu baiano (no caso, me lembro bem, o Museu Central, um pequeno e importante museu de paleontologia localizado no interior do Estado) pediu a palavra e declarou-se maravilhado com tudo que tinha ouvido sobre os dois museus paulistas. Contou de seus esforços para tocar aquela pequena instituição com um acervo extremamente precioso e disse da modéstia de seus recursos e instalações (nem computador ele tinha). Entretanto, muito assertivo em suas convicções, ele soltou a seguinte frase: “O Museu Central não tem todas estas maravilhas que vocês mostraram, mas ninguém sai de lá sem que a gente passe um cafezinho fresquinho antes!”. Esta frase simples, ingênua até, é de uma sabedoria incrível e nos traz uma lição enorme: se nós queremos transformar nossos museus em protagonistas sociais, em equipamentos diferentes e que fazem a diferença, temos que passar o cafezinho!
Não adianta um orçamento enorme, uma equipe de profissionais capacitados, uma tecnologia de ponta ou um acervo precioso, se não “passar o cafezinho quente e fresquinho”.
Para que os museus efetivamente se consolidem como espaços de significância social, devemos nos lembrar também que o mais importante em um museu é o ser humano!
http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/noticias_interna.php?id_noticia=156
Comentários
Postar um comentário