Santuário do Caraça


Guará, Guará!!!

Todos aguardavam com emoção a chegada do lobo Guará ( Guará  em tupi-guarani, a língua dos indígenas, significa “vermelho”. Tem o corpo todo dourado; as patas e os pelos da nuca pretos; a cauda, o papo e um pouco do rosto brancos. É branco também o pavilhão das orelhas, que se movimentam como um radar, captando todos os sons e movimentos).






Graziela, (Cotta) uma prima dos Cotta que ainda não conhecia,  participava deste momento.
Luciene, minha amiga,  não se conteve ao perceber que entre a plateia se encontrava um jovem seminarista, quase padre. Correu ao seu encontro e nesta emoção, em um só coro os seminaristas cantaram: 

"Ai que saudades da professorinha, que me ensinou o be-a-bá..."


O espetáculo foi fascinante, muitos flashes e murmúrios  para o nosso artista-lobo!!!
Iara, a jovem pesquisadora, com o seu olhar atento esperava o momento e captava a chegada do  filhote.
Após esta exibição percorremos o Santuário, em silêncio orante agradecemos e colocamos as nossas intenções.Não podíamos, é claro,  deixar de lembrar dos nossos ancestrais que por ali passaram:  o fazendeiro das Minas,  Manuel Pedro Cotta e o Cônego Estevam Pedro Cotta,





Uma viagem ao Caraça (O nome Caraça vem do tipo de formação geográfica que se assemelha a uma grande cara. A altitude e localização do colégio proporcionavam um isolamento do mundo que refletia na missão pedagógica do local.

  Visite o  Santuário do Caraça. A sua história revela muito do passado de Minas Gerais e do Brasil: política, cultura, natureza e gastronomia. Em 1955 foi tombado pelo então SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).


Conheça também a História  Capitão  Manuel Pedro Cotta



O capitão Manoel Pedro Cotta, foi ao mesmo tempo "Senhor das Minas" e fazendeiro. Foi batizado em 9-JAN-1791 em Antônio Pereira, distrito do Município de Ouro Preto (MG), tendo por padrinho o Contratador João Rodrigues de Macedo, que foi proprietário da Casa de Contos de Vila Rica (MG). 

Mediano de estatura, olhos claros e vivos, bom corpo, enérgico e autoritário quando preciso, mas polido e cordial costumeiramente. Há um retrato seu entre as páginas 146 e 147 do livro “Genealogias da Zona do Carmo”, do Cônego Raimundo Trindade. Sensível e, às vezes, bem romântico. Não era letrado, mas apresentava facilidade para improvisar rimas, usando-as habitualmente nas conversas. Era um homem inteligente, filho de guarda-mor e possuía agudo senso de negócio e maneira especial de emitir seus juízos. Sua casa era bem movimentada e alegre, apesar da trabalhosa vida na fazenda. 

Tinha vários amigos, entre eles o Barão de Cocais e o Barão de Catas Altas, também envolvidos na extração do ouro. A sede da Fazenda Alegria, no Município de Mariana (MG), foi construída em local onde podia, num pouso confortável, receber os amigos nas rotas do Congo a Ouro Preto, Inficionado, Santa Bárbara, Catas Altas e Cocais. 

Além das atividades na mineração, o Capitão também era conhecido pelo intenso comércio de escravos, com os quais abastecia boa parte da região. Eram elevados seus lucros, sempre investidos na compra de novas terras e ampliação de benfeitorias. Prevendo que a mineração suscitaria o aparecimento de fazendas para a produção de gêneros de consumo na própria Capitania, agiu sempre no sentido de diversificar a produção em suas terras. Soube bem avaliar as possibilidades de produção de ferro na área. 

O Capitão, conforme mencionado na revista Barroco, nº 19, - Anos 2001/2004, publicada pelo Centro de Pesquisas do Barroco Mineiro, doou ao Colégio Caraça, em 1870, a Fazenda do Capivari.

Casou com Maria Leonor Mendes de Almeida em Inficionado, atual Distrito de Santa Rita Durão, no Município de Mariana (MG). A empresa SAMITRI, atual proprietária da Fazenda da Alegria, localizada em plena área de mineração, publicou recentemente um trabalho intitulado “Fazenda da Alegria – A Vida de um Fazendeiro e Senhor de Minas no Século XIX”, com muitas informações sobre Manoel Pedro.





Ao ser homenageado pelos padres do Caraça por sua ajuda nos momentos difíceis do estabelecimento, o capitão Manuel Pedro Cotta agradeceu com os seguintes versos:


“I
Chamo Manuel Pedro Cotta
Homem sem vaidade
Mas piso em meu terreno
Da Alegria à Piedade.

II
Não sou varão culto
Porém tenho bondade
Não quero ser um vulto
Mas a pura realidade.

III
Escravo tenho por lei
Até chegar a abolição
Não farei livre, eu sei
Mas faço já de coração.

IV
Como é triste ser escravo
Neste mundo de rancor
Mas eu trato o negro escravo
Com bondade e amor.

V
Dia de sol abrasante
Mando apanhar café
Não pego chicote errante
Podem me chamar de Mané.

VI
Compro negro escravo
Por toda parte que vou
Estas palavras eu gravo
“O sinhô é bom sinhô”

VII
Muitas léguas eu percorro
Preciso bastantes dias
Mas antes que um dia eu morra
Percorro toda a Capitania.

VIII
Do Caraça a Caeté
Erguem-se os grandes templos
A igrejinha da fé
E o colégio do exemplo.

IX
Figuras bem destacadas
Vão pelo Brasil inteiro
Saíram dele formadas
Desde o Arcebispo Mineiro.

X
Em grandes festas sou chamado
E aplaudido também
Padres, não sou estudado
Sei agradecer, porém.

XI
Porém muito comovido
Choro e rio com graça
Ao clamarem ao ouvido
“Salvem o patrono do Caraça”.

XII
Discursos, vivas e palmas
Era só o que podia
Jovens, padres aclamarem
Capitão Pedro da Alegria.

XIII
Por final conto a história
Daquilo que outrora foi meu
Esta terra é memória
Que meu ascendente deu”.

Na intimidade dos amigos, o Capitão Manoel Pedro Cota costumava dizer que o ideal dos Cotas era:

“Ter terra pra sumir de vista
Cavalo marchador bem gordo
Casa coberta de telha
Caixa de pó bem cheia e
Mulher no canto da cama,
Ainda que seja feia”.

Em 1864, fez um agradecimento com estes versos:

“Por final conto a história
Daquilo que outrora foi meu
Esta terra é memória
Que meu ascendente deu”.

Em 1874, dez anos antes de falecer, Manoel Cota dividiu entre os filhos os bens que ainda lhe pertenciam. A sua parte na Fazenda da Alegria coube a Manoel Pedro da Cota Júnior, que, um ano depois, comprou dos outros herdeiros as partes que estes possuíam. Homem religioso e com algumas manias que a idade ia acumulando, o Capitão tinha uma preocupação muito grande com o dia de sua morte, tentando deixar tudo arrumado, inclusive o próprio caixão, para que fossem evitados atropelos e trabalhos em sua última hora. Filhos com a esposa Maria Leonor: Claudina Maria Cândida dos Reis Cota, Hipólita Umbelina de Jesus Cota, Angélica Maria de Jesus Cota, Cecília Augusta de Almeida Cota, Sebastião Pedro Cota, Cônego Estêvão Pedro Cota, Antônia Blandina Cota, Gervásio Pedro Cota, Protásio Pedro Cota, Francisco de Paula Cota, José Gomes de Almeida Cota, Manoel Pedro Cota e Maria Cassimira Mendes Cota. Fal. em 1-FEV-1884 em Mariana (MG).
 http://www.asminasgerais.com.br/qf/univlercidades/Cidades/Catas_Altas/grande008.htm

Comentários

  1. Maria do Carmo Roque1 de junho de 2011 às 21:38

    Aninha,parabéns pelo texto.Vc conseguiu sintetizar todo o espetáculo que é este lugar cheio de história,poesia,espiritualidade,natureza pura.Os Guarás,o Caraça,"cara grande",suas montanhas,cara de Minas..adorei.O contato homem-natureza é saudável,a paz que inunda tudo renova nossas energias,não é mesmo?
    Beijos!

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  2. Marcus Vinicius Cota3 de maio de 2012 às 20:25

    Gostei Muito de saber mais sobre meu tetravó Manuel Pedro Cotta

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  3. Sou Zita COTTA Lima Bicalho Moreira,da região de Rio Piracicaba e descendente de Manuel Pedro Cotta.Dizem que todo Cotta tem muito orgulho do sobrenome e é verdade.Herdei o COTTA do meu avô materno,José Batista COTTA,da Vila Caxambu,R.Piracicaba.Acho que sou tbem da 4a ou 5a geração do Manuel Pedro COTTA.

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  4. Parabéns pelo excelente texto.
    Vale a pena visitar a Fazenda da Alegria, magnificamente preservada. Hoje pertence a Samarco.
    Um fraternal abraço,
    Capitão Francis Albert Cotta
    Doutor em História pela UFMG

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