Missa Conga e Lançamento de Livros
No ANO INTERNACIONAL DO AFRODESCENDENTE o 17 de novembro de 2011 foi um data histórica. Ponte Nova celebrou a sua Missa Conga, resgatando a força dos congados e as tradições afrodescendentes do VALE DO PIRANGA.
O bairro de Fátima transformou-se em verdadeiro QUILOMBO com redes de solidariedade e pertença no encontro dos GRUPOS DE CONGADEIROS DO ROSÁRIO DE ABRE CAMPO, PEDRA BONITA, SERICITA, ACAIACA e as comunidades “HERDEIROS DE BANZO”, ZIMBABUWE e GANGA-ZUMBA.
Os Herdeiros do Banzo prepararam o lanche e a Casa Afro Ganga Zumba acolheu os filhos e filhas da nossa “Mãe África”. Após a troca de abraços, a irmandade esquentou os seus tambores e os sons dos atabaques, pandeiros, chocalhos, reco-reco. As espadas foram preparadas para receber “D. Zumbi” – O bispo José Maria Pires e o Pároco José Luiz da Silva.
A Senhora de Fátima irradiou com a entrada de seus filhos e filhas, com a variação de seus toques e juntos entoaram “Abre a porta da igreja que nós queremos entrar, nós viemos lá de longe, com promessas pra pagar”. Pediram perdão ao Deus de Amor e clamaram pelo seu povo tão sofrido. Desceram degrau por degrau e pelas ruas foram cantando e girando até chegarem a Praça de Palmeiras e em glórias entoaram pela Igreja de São Pedro: “tá caindo fulô, cai do céu, sai da terra, meu irmão tá caindo fulô”.
Em dialeto africano a comunidade eclesial comoveu-se com a entrada do bailado do “Santo Livro”. Após as leituras e o Evangelho, D. Zumbi em sua homilia rememorou a condição do negro, de escravo a liberto, que sofreu e sofre todos os tipos de preconceitos. Comprovando a sua história de “negro desbotado”, D. José (descendência híbrida: portuguesa, africana e cigana), evidenciou ser o profeta em movimento conforme descreveu Padre Mauro Passos em sua obra lançada nesta data.
Em preces rogamos por todos os santos e santas, lembramos de Zumbi dos Palmares e nos entregamos a mãe de Deus, ó negra Aparecida, morena Guadalupe, mãe da América Latina.
Ofertamos a raça, a cor, cada negro que lutou pelo fim do racismo, a história negada, toda dor suportada, preto velho, trabalho escravo, vinho, sangue suado e TERRAS DE NEGRO E GENTE DE FÉ.
Neste momento Ana Luiza contou que seu corpo dançou e a sua memória visualizou o seu tataravó o Capitão Manuel Pedro Cotta, que em versos cantou:
Como é triste ser escravo
Neste mundo de rancor
Mas eu trato o negro escravo
Com bondade e amor.
Dia de sol abrasante
Mando apanhar café
Não pego chicote errante
Neste mundo de rancor
Mas eu trato o negro escravo
Com bondade e amor.
Dia de sol abrasante
Mando apanhar café
Não pego chicote errante
Podem me chamar de Mané.
Depois do Santo e do Cordeiro em comunhão com brancos, todas as classes e cores, o negro nagô dançou, celebrou, aliviou e festejou D. Zumbi, Padre Mauro, Ana Luiza, Padre Zé Luiz, Pe. Nilson, Iara, Alexandre, Mirton, Geraldo Flávio, Taquinho, Rosângela, I. Zélia, Rita, Fundação Menino Jesus com seus brilhantes flautistas, Familiares, Amigos, Escolas (Prof. Antônio Gonçalves Lanna, Caetano Marinho, Auxiliadora...), Guarda-Mirim, Alepon, Rádio, Imprensa, Folha de Ponte Nova, Pontenet.
Admirável e mt querida amiga Ana Luíza,
ResponderExcluirSó por ver as postagens em seu blog e as fotos já me reviro de arrependimento por não ter me dado o prazer de ter compartilhado com vc esse momento mágico que foi essa missa conga com todo seu aparato histórico e comemorativo e sua alegria em lançar seu livro sobre o assunto com tanta propriedade tendo sido o tema alvo de sua dissertação de mestrado!
Ah, amiga linda, como deve ter sido td emocionante! Fui lendo vc e imaginando td e me emocionando com seu precioso relato!
Vc nasceu para brilhar, minha adorável amiga, sinto-me tão feliz e honrada em dividir minha vida tão simples com a sua que é tão grandiosa, vc nem faz ideia!
Obrigada amiga, pela sua amizade, mas principalmente pela dedicação de suas pesquisas e afeto com os quais nós afrodescendentes nos reconfortamos pelo passado sofrido e pelo porvir glorioso!
Amo mt vc e ter sua amizade traz mt conforto à minha alma!
Receba hoje e sempre o meu carinho e a minha eterna admiração pelo ser humano lindo que vc é, pela mulher adorável que vc expressa em cada gesto, pela profissional competente que se revela a cada dia como incomparável pesquisadora e professora e ainda pela artista(poetisa e escritora) que se desnuda a cada dia mais e melhor perante nossos olhos ávidos e orgulhosos!
Minha amiga,
ResponderExcluirQue alegria ao acordar com esta mensagem tão carinhosa. Lembro o quanto vibrou e ajudou para que o Projeto Terras de Negro senconcretizasse. A poesia que preparou com alunos - Navio Negreiro do nosso imortal CASTRO ALVES. O professor Roberto Caldeira já declamava Milton Nascimento. Luiz Ângelo, nosso irmão de fé, rezava, rezava... Quantos perdões e quantos AXÉS!!!