Por que uma história de vida pode mudar seu jeito de ver o mundo?




Hoje as culturas se tocam, os indivíduos convivem, mas ainda não conseguimos construir histórias e visões que considerem essa diversidade. [...]Num mundo entrelaçado pela tecnologia, todos podemos gerar e acessar informações. Se pudéssemos fazer circular as nossas histórias, de forma não centralizada, talvez traríamos de volta a memória ao nosso cotidiano, recuperando o papel dos griots – os antigos guardiões e contadores de história nos povos africanos. Já disseram que cada ser humano é uma biblioteca, fonte singular de conhecimento. Saber ouvir cada um, compondo as diferentes visões, revela-se assim um exercício básico de cidadania – parte essencial da aprendizagem e desenvolvimento humano. [...].
As novas tecnologias, em especial a Internet, apresentam-se como oportunidade inédita de tecer essas memórias. Esse é o objetivo do Museu da Pessoa: um mundo onde a tecnologia possa ser utilizada para articular as narrativas e incentivar cada pessoa, grupo ou comunidade a ser autor de sua história – própria e coletiva.
[...]
Para que essa memória seja múltipla é necessário que exista um espaço, um ponto onde todos os relatos se conectem, um lugar em que estejam organizados e ordenados, de maneira que essa memória se torne disponível e possa ser utilizada como fonte em educação, em políticas públicas. É preciso pensar a sociedade como uma grande teia onde cada um de nós tem a possibilidade de registrar sua visão. Essa é a ideia de rede. A Internet está proporcionando um poderoso canal para conectar as memórias possibilitando constituir, sem hierarquia, o complexo conjunto de histórias disseminadas por toda a sociedade.
Acredito que ouvir, ouvir de fato uma história de vida, pode ser uma forma poderosa de transformar nossa relação com o mundo.A palavra transformar vem etimologicamente da junção do prefixo do latim trans- para além de, através de- com o substantivo forma “modo pela qual uma coisa existe ou se manifesta”.  Se quiséssemos falar literalmente de transformação, poderíamos dizer que transformar é ir para além da forma de que uma coisa existe. Quando falo “transformar” nosso jeito de ver o mundo, digo, talvez, ir para além da forma com que “naturalmente” interpretamos a “realidade” que nos cerca. E é neste sentido que as histórias de vida possuem um papel poderoso.
WORCMAN, karem. Diretora do Museu da Pessoa. Seminário Memória, rede e mudança social, promovido pelo Museu da Pessoa/2003. In: História falada: memória, rede e mudança social. São Paulo: SESSC/SP, 2006, p. 9-11.
A História de vida de uma pessoa é a narrativa que ela constitui sobre si mesma. Esta narrativa baseia-se, com certeza, nas premissas de mundo e nas experiências por ela vividas. Essas experiências, as mais significativas, vão constituindo o conjunto de marcos que forma a memória de cada um de nós. Quando falamos em memória, o que nos vem à cabeça é “lembrança”.  Portanto, comecemos por aí entrevistando alguém da sua história familiar!




Contribua com este acervo de história oral e não  esqueça de  enviar fotografias, textos ou áudios para que possamos preservar a História e  o modo como diferentes pessoas criam suas próprias realidades, tornando-se uma das múltiplas vozes de nossa memória social.

Eu me lembro que...

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